quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Férias...

Estarei de férias em termos de blog, o cacete à quatro.. Justo. Um abraço a todos, volto em setembro com mais ânimo do que uma freira às 11 da noite...

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Plagiando Chinanski.

Plagiando Chinanski.

Quando sua mulher te diz pra mudar de trabalho
Quando seus textos não são lidos ou são rejeitados
Ou quando o quilo do presunto na padaria está muito caro
E não possuis mais nenhum cascalho e grita
“Ah, mas que caralho!”,
Pare e beba um gole de cerveja.
Quando seus amigos estão se casando e
Contentes estão procriando
Quando sua mãe diz que de uns trocados está precisando
Ou quando lê um poema seu e acha que as palavras
Não estão rimando,
Pare e beba um gole de cerveja.
Quando tudo se parece mais ou menos igual
Ou quando na rua pinta uma idéia bem banal
Ou até quando um cachorro te assusta gritando um certo
“Au-au!”,
Pare e beba um gole de cerveja.
Batendo em portas fechadas
Andando por estradas todas elas tortas
E cantando ou declamando para um bando de moscas mortas,
Pare e beba uma cerveja.
Não tem metrô para onde vais
Insiste em idéias que lhe serão caras demais
E se da guerra se cansou e anseias por um pouco de paz
(esta ficou forçada demais),
Pare e beba um gole de cerveja.
Em resumo: sua conta bancária zerou
Na cama, você brochou
E de repente a sua inspiração para o poema acabou...
Amigo, só uma coisa te sobrou:
Tenho que repetir
Ou já adivinhou?

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Nós, o pistoleiro, não devemos ter piedade.

(Conto do Sclyar, mestre do gênero, pra vocês que gostam do Sérgio Leone...)

Nós, o pistoleiro, não devemos ter piedade
(Moacyr Scliar)
Nós somos um terrível pistoleiro. Estamos num bar de uma pequena cidade do Texas. O ano é 1880. Tomamos uísque a pequenos goles. Nós temos um olhar soturno. Em nosso passado há muitas mortes. Temos remorsos. Por isto bebemos.
A porta se abre. Entra um mexicano chamado Alonso. Dirige-se a nós com despeito. Chama-nos de gringo, ri alto, faz tilintar a espora. Nós fingimos ignorá-lo. Continuamos bebendo nosso uísque a pequenos goles. O mexicano aproxima-se de nós. Insulta-nos. Esbofeteia-nos. Nosso coração se confrange. Não queríamos matar mais ninguém. Mas teremos de abrir uma exceção para Alonso, cão mexicano.
Combinamos o duelo para o dia seguinte, ao nascer do sol. Alonso dá-nos mais uma pequena bofetada e vai-se. Ficamos pensativo, bebendo o uísque a pequenos goles. Finalmente atiramos uma moeda de ouro sobre o balcão e saímos. Caminhamos lentamente em direção ao nosso hotel. A população nos olha. Sabe que somos um terrível pistoleiro. Pobre mexicano, pobre Alonso.
Entramos no hotel, subimos ao quarto, deitamo-nos vestido, de botas. Ficamos olhando o teto, fumando. Suspiramos. Temos remorsos.
Já é manhã. Levantamo-nos. Colocamos o cinturão. Fazemos a inspeção de rotina em nossos revólveres. Descemos.
A rua está deserta, mas por trás das cortinas corridas adivinhamos os olhos da população fitos em nós. O vento sopra, levantando pequenos redemoinhos de poeira. Ah, este vento! Este vento! Quantas vezes nos viu caminhar lentamente, de costas para o sol nascente?
No fim da Rua Alonso nos espera. Quer mesmo morrer, este mexicano.
Colocamo-nos frente a ele. Vê um pistoleiro de olhar soturno, o mexicano. Seu riso se apaga. Vê muitas mortes em nossos olhos. É o que ele vê.
Nós vemos um mexicano. Pobre diabo. Comia o pão de milho, já não comerá. A viúva e os cinco filhos o enterrarão ao pé da colina. Fecharão a palhoça e seguirão para Vera Cruz. A filha mais velha se tornará prostituta. O filho menor ladrão.
Temos os olhos turvos. Pobre Alonso. Não se devia nos ter dado suas bofetadas. Agora está aterrorizado. Seus dentes estragados chocalharam. Que coisa triste.
Uma lágrima cai sobre o chão poeirento. É nossa. Levamos a mão ao coldre. Mas não sacamos. É o mexicano que saca. Vemos a arma na sua mão, ouvimos o disparo, a bala voa para o nosso peito, aninha-se em nosso coração. Sentimos muita dor e tombamos.
Morremos, diante do riso de Alonso, o mexicano.
Nós, o pistoleiro, não devíamos ter piedade.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Sobre Meninos e Pipas.

Sobre meninos e pipas.

Estava eu de bobeira, dando sopa para os pobres e assoviando enquanto chupava cana, isso tudo na casa do meu irmão, enquanto a comida requentava num fogão de lenha... Na verdade era um microondas, e era começo de século, mas não custa nada sonhar, não é mesmo? E papo vai, papo vêm, minha mãe veio nos visitar aqui na capital, cozinhou bolo de fubá, passou café, conversas de família rolaram, e minha recusa em relatar os pormenores se deve a certo respeito protestante que possuo para com os leitores. Eis que fico a divagar sobre meu tempo de infância, eu e meus dois irmãos correndo pela rua, jogando bola enquanto corríamos da fuligem de cana de açúcar sendo queimada no céu de uma cidade qualquer do interior paulista. Bola de gude, paquera na praça, é fato: vivi tudo isso. E mais um pouco, é verdade.
Daí que a televisão estava ligada, e bem ao longe consegui escutar um comentarista qualquer dando a notícia de que um garoto, aqui da capital, que morreu na tarde de hoje atropelado por um caminhão em alguma via expressa de São Paulo, acho que foi na Imigrantes, não me lembro agora. Daí que o garoto estava correndo atrás de uma pipa no céu. Confesso que fiquei profundamente comovido. Não por conta da pipa: nunca gostei de empinar pipa, sempre me pareceu uma diversão meio besta na verdade, ficar olhando um pedaço de papel com varetas sendo puxado por uma linha ir prá lá e prá cá na imensidão do azul. Ficava com os olhos doendo, porque o céu da minha terra sim era mais azul, mas de um azul forte, que cega de tanto ficar com as retinas viradas pro alto. Além do que, vira e mexe algum amigo tinha a mão cortada por conta da tal folha que voa, por causa do cerol. Ah, também tinha o torcicolo, claro.
Mas é triste ver um garoto morrer por conta da brincadeira em si. Claro que a culpa não foi dele, e provavelmente não foi do motorista da jamanta que poderia muito bem estar carregando folhas de papel de seda, ou carretéis de linha de alguma indústria, etc. “A culpa é do Fidel” também não vale, é só um filme. Vez ou outra, quando caminho olhando o nada e o tudo, de bobeira mesmo pelas ruas, percebo que a tez da molecada daqui é um pouco mais branca, e diria até mais pálida do que a da garotada em outros lugares onde morei. Deve ser essa coisa de desde pequeno serem criados em apartamento. Enfim... Deixo este estudo de bandeja pros pedagogos.
Pra terminar: O Ruy Castro, escritor que muito admiro, vez ou outra anda escrevendo na sua coluna sobre a mortes de jovens com relação à violência urbana, etc. e tal. Acho que foi por causa dele que escrevi esta crônica. Ou foi porque nunca gostei de pipa?

terça-feira, 22 de julho de 2008

Probabilidades.

(História contada assim, ao pé da letra, pelo amigo de engradados Indrigo...pra você, figura louca...)


Probabilidades.

Ok, ok... Tempos sem escrever crônicas, amigos putos e preocupados, mulheres tristes pelos cantos da cidade (os homens nunca ficam muito tristes), decido voltar à ativa... Queria ser mesmo é o Rubem Braga, viver disto, ter nascido numa cidade como Cachoeira do Itapemirim, sei lá que diabos mais... Enfim... Mas não: Não me ponho como um velho (apesar do velho e bom Rubem já o fazer com apenas quarenta e poucos anos), não sei tratar as moças com o devido trato (prefiro o “ao vivo”, sabe cumé?), e me formo sociólogo no fim do ano... “Triste destino para o pobre Pieckles”, diria Paul Auster. É, caro leitor: La vida és dura...
Mas chega de chororê, e chega de saudades, pois o meu conto sobre Bossa Nova não foi publicado pelo Estadão, minha conta bancária cai mais que a tal da Bovespa, e a felicidade está como o pretenso projeto Brasil: Longe, longe do horizonte... Mais eis que nem tudo são nuvens, e uma história me aparece! Sim, apesar de não viver disso, ainda tenho a pretensão de conquistar algum coração lá em algum rincão do sertão brasileiro...
Amigo de longos choros e chops (mais o segundo que o primeiro), Tonhão me conta esta, numa noite enevoada por saias e nuvens, extrato de amido engarrafado e tabaco que, por enquanto nessas bandas, ainda não é discriminado. Vai pra casa com uma mulher, a despe, ela não diz nada a mais de uma hora (diz ele que se encantou por conta da sua mudez), e pimba! Gol do Brasil – “Temperamento latino é fogo”, diria o outro – e nosso herói vai... E vai... E pinta um troço ali que é o seguinte: A mulher é chegadaça numa... Forçada de barra... Num... Sabe como é caro leitor? Ta, ta bem: a mulher era chegada em músculos... Sendo usados... A força... O código penal chama de estupro... Enfim, fico aqui me policiando para escrever isso, mas Nelson Rodrigues o fez com palavras quiçá mais sucintas, e eu não poderia tropeçando nelas? Oras... É isso, e é tudo: A mulher gostava de ser estuprada! E meu amigo entrou na onda...
Disse-me ele que, isso lá pelas uma e pouco, ela decide ir embora, tem que trabalhar no outro dia, o diabo a quatro... Ele, meio torpe e nem um pouco afins, diz pra ela dormir ali mesmo, etc. e tal... Ela, nada comovida com o convite entusiasmado do rapaz, nega: Trabalha sério, quer juntar dinheiro pra abrir negócio próprio, etc. e tal... Ele balbucia, mas não tem jeito não: A cabocla estava convencida, e nessas horas, quando uma mulher sabe o que quer, retórica besta é pouca coisa... E lá vai ele, levá-la pro ponto de ônibus, três quarteirões da casa dele.
Chega lá, umas duas garotas no ponto, serviço completo... A garota chia, o ônibus vai demorar uma meia hora, está ansiosa pra chegar ao seio do lar... Ele a convida pra ir à sua casa, que é do lado, etc... Ela diz um não, que tem que ir pra casa... Ele então diz que vai embora, que não vai ficar lá, que está cansado... Ela faz uma cara de brava, como aquelas mulheres que mostram estar cansadas de homens que as comem e que después nem lhes dão valor, aquela coisa toda... Ele olha bem pra ela, lhe dá um beijo no rosto e diz tchau... Ela diz:
- E se eu for estuprada aqui, a esta hora? Vê se pode um troço desses!
- Meu bem, ninguém conseguiria estuprar três mulheres de uma tacada só, pode ficar tranqüila...
- Ah, é?
- É... Além disso, meu bem, estatisticamente é impossível alguém ser estuprada duas vezes na mesma noite, pode ficar sossegada...
E foi, assoviando, para o seu edredom, quente e acolhedor.















Franco Chiariello, Escutando coisas...

domingo, 20 de julho de 2008

O Pugilista.

(Mais uma das minhas bestiais crônicas... aliás, há uma revista bacana rolando na internet, é a www.revistabenedito.wordpress.com (coincidência, não?), e sou um dos condenados a preencher páginas vazias por esta coisa que um amigo meu insiste em chamar de fluxo gratuito de informação... abraços atodos...)

O pugilista.




Sentado como sempre, com as hemorróidas loucas para aflorar a qualquer momento (pois qualquer hora isso vai acontecer, é quase inevitável), pinta um amigão meu, o Noca. Conversamos uma hora mais ou menos, pois ele agora tem tempo sobrando na vida.Vou relatar um pouco a sua história, só pra ficar registrada nos anais dos homens bons da Terra.
Recifense de nascença e vivendo em São Paulo com a família já faz dez anos. Esses recifenses são quase sempre muito inteligentes, sagazes por demasia, não é mesmo? Pois bem. Noca sempre trabalhou na indústria fonográfica, assistente de gravação, de produção, sempre sendo assistente de algo. Eis que um dia “desiste de assistir”, segundo ele. Manda o emprego pra puta que pariu, e da noite para o dia começa a fazer tudo o que gosta, mas não tinha tempo de fazer nos áureos tempos de proletário.
Conseguiu guardar uma grana, que não dará para mais que dois meses, pois teve que fazer limpeza de canal, sei lá que diabos mais. Mas o negócio é que ele passou a ter a seguinte rotina diária, que me relatou como se eu fosse seu diário íntimo:
Acorda cedo, umas oito da manhã. Faz alongamento, um pouco de ginástica, barra, o serviço completo. Toma seu complexo vitamínico (sem anfetaminas, uma relíquia nos dias atuais). Vai correr no horto florestal, que fica ao lado da sua casa. Fica flanando um pouco por lá, observando as mamães com seus filhos brincando no parque de diversões, enquanto papai está trabalhando. Volta para casa lá pelas dez, toma uma ducha fria (que é para os músculos ficarem mais rijos, como ele me explicou), come na mesa seu café da manhã com sua mãe, e lê até o meio dia. Literatura, de preferência.
Já são quase uma da tarde, e nosso herói se senta para ler o jornal, ver como está o mundo. “Uma desgraça”, é a conclusão que chega todos os dias. Lê a coluna do Zé Simão, ri um pouco e se joga no sofá para uma sessão de Western. James Dean, Marlon Brando, Sérgio Leone. O que vier, ele traça. Ah, e musicais dos anos cinqüenta e sessenta é sempre bem-vindo também. Gene Kelly, essas coisas fantásticas que o cinema não faz mais, uma pena. Vez ou outra aparece alguma mulher gostosa para provar roupa na sua casa, pois sua mãe trabalha com figurinos de peças teatrais. Ah, quase deixo passar batido isso: ele sempre deita ou se senta no sofá com um shorts do Corinthians, aqueles da década de oitenta, bem curtinho, e sem cueca. E regata, branca de preferência. Peito estufado quando alguma garota chega, pêlos do peito expostos, acende um cigarro e dá uma olhadela de canto quando cumprimenta as moças na chegada, dizendo “oi, moça”.
Ele tem quase um e noventa, cara de árabe puro sangue, cabelos cumpridos, uma figura pelo menos exótica. Bela, eu diria. Fez um furo na parede do corredor que dá para o estúdio da sua mãe, de modo que quando alguma donzela vai provar alguma peça de roupa, ele aumenta o volume da televisão, corre para o seu buraco da sorte, enfia a cara lá e realiza-se. “Um deleite”, como ele diz. Escreve um pouco à tarde, e lá pelas quatro vai treinar boxe. Começou agora também. Dei de presente para ele dia desses o Touro Indomável, do Scorsese. Quase chorou de emoção. Está gostando muito, e usa uma gaze no pulso esquerdo, denotando que seu ofício é duro, árduo mesmo. Outro dia veio em casa, tirou a gaze e foi fazer barras lá na sala dos fundos. “Doze barras”, me disse ele, todo orgulhoso. Com o punho firme e forte como um touro, o próprio De Niro. Em carne e osso.
Vai à noite pra faculdade, e ultimamente eu e ele ficamos escrevendo crônicas mil sobra qualquer coisa que possa radicalizar alguma inspiração que tenha batido do nada, na hora. “É o que sempre digo, bichão: inspiração + exercício; esse é o segredo”. E sai coisas engraçadíssimas, juro. Pelo menos nós dois aprovamos. Não se trata de troca de figurinhas, de bater bafo nas aulas não. “São pérolas”, me diz ele. Rimos, e depois das aulas vamos beber um pouco na esquina da faculdade, porque não somos bestas, nem de ferro. Mas vamos num bar onde quem tem menos de vinte anos não cola. Melhor assim.
E a vida segue o rumo, os barcos foram feitos para navegar, as pias para nos lavarmos, Hollywood para fazer cinema-pipoca, os políticos brasileiros para nos foder, e por aí afora. Penso comigo, enquanto repito a sentença do poeta:

“Êta vida besta, sô!”





























Franco Chiariello, direto dos ringues paulistanos.

domingo, 29 de junho de 2008

Escrever, depois colar.

(Coisa besta e sem sentido, mas vá lá...)

Escrever, depois colar.


Eis que, lendo uma antologia de contos do grande Moacyr Scliar, caio de cabeça num conto chamado Os contistas. Pois bem. O conto trata do lançamento de um livro de contos de um amigo seu de ofício, e o Autor (no caso, o Moacyr Scliar) diz para todos que está escrevendo um conto sobre contistas. Relata as angústias de sua carreira, a dificuldade de publicar, a obscuridade que começou a aparecer durante o tempo, as frases concisas e os excessos que, inevitavelmente, atormentam a cabeça do autor, etc. Um puta texto, pensei. De repente me veio uma coisa, uma idéia genial: por que não sair distribuindo meus contos por aí, sem critério nenhum...por exemplo, colar alguns contos meus nas cabines de banheiros por aí, quem sabe para incentivar o hábito da leitura enquanto as pessoas cagam, ao invés de ficarem olhando para os azulejos, ou a procura de baratas em algum banheiro sujo? Aliás, um dos contistas narrado por Scliar só consegue escrever em banheiros, enquanto caga, tendo espalhados pelos banheiros afora fragmentos e mais fragmentos de contos. Além do mais, já havia escrito um conto narrando uma história que se passa dentro de uma dessas cabines. E lá fui eu.
Fita crepe e páginas e mais páginas na mão, saí colando em tudo quanto é banheiro, na minha faculdade e em bares, restaurantes, Shoppings e afins. Nenhum critério na cabeça, só este: colar o máximo de contos possíveis, seja lá onde for. Era quase uma pichação, só que em contos. E privadamente. É, no literal. Rapaz, será que isso já havia sido feito antes? Nunca tinha visto nada igual. A moçada que pira naquilo que chamam de “performance” iria gostar? E os que sofressem de hemorróidas? Os velhos, os trotskistas, que achariam? E os punheteiros, será que iriam ler? Só havia uma regra, que impus para mim mesmo: não deixaria meu nome. Possivelmente um ou outro amigo saberia daquilo, seria inevitável, pois alguns já tinham lido algumas coisas minhas. Não quis nem saber: fui logo tratando de colar palavras impressas em papéis brancos pelas cabines afora, com fita durex de boa qualidade. Não era marketing, era prazer. E só.
Semanas depois, revisitei um ou outro lugar. Alguns telefones para me chupar, outros perguntando quem eu era, um ou outro dizia “que merda”, e por aí foi. Um dizia que trabalhava numa editora, e deixou um telefone para contato. Outro escreveu que tinha um conto parecidíssimo com o que ele havia lido. Disse não estar mais só no mundo. Um ou outro havia sido arrancado, mas a maioria permaneceu lá, do jeito que colei. Não mudarei o mundo, mas, como disse certa vez Pedro Juan Gutierrez, fiz alguma coisa de mim mesmo, ainda que mínima, porque estava precisando justamente de alguma coisa que me fizesse pular.